Livros de Formato Arquitetônico

Não sei você, mas eu gosto de deixar a minha estante de livros muito bem organizada. Isso significa que os livros estarão em ordem alfabética (primeiro pelo sobrenome do autor e depois pelo título da obra), separados por assuntos (os de literatura não se misturam com os livros técnicos) e dispostos de forma retilínea ao longo da estante (apesar dos tamanhos variados).

Venho conseguindo fazer isso com algum sucesso, mas de vez em quando sou surpreendido com um livro em formato esdrúxulo que não cabe na minha estante e, ainda se coubesse, destoaria de todo o conjunto. Sou obrigado a deixá-lo separado. Reparei então que há uma coincidência muito grande entre essas características e aquelas encontradas nos livros de arquitetura.

Tenho uma amiga arquiteta e perguntei a ela, ironicamente, se ninguém havia avisado aos arquitetos de que os livros não precisam ter formatos arquitetônicos. Naturalmente, minha amiga não tem a mesma obsessão sistemática que eu, e portanto nunca havia lhe ocorrido a ideia estapafúrdia de que o tamanho dos livros de arquitetura pudesse ser problema para alguém.

Explicou-me então que os tamanhos são justificados pelo presença ao longo dos livros de plantas, mapas e outras artimanhas arquitetônicas que precisam estar em tamanho grande, do contrário não são enxergados em detalhes. Não concordou com a minha sugestão de criar anexos. Entendi o problema, e gosto de pensar que em algum momento ela entendeu o meu também. Não há outra solução, parece-me, do que comprar uma estante apenas para livros desse porte.

Le Corbusier tem nove quilos de informação. Não tente levar para ler na cama ou no banheiro.

Recentemente peguei um livro de crônicas do Niemeyer, e reparei que os arquitetos também gostam de diagramações arquitetônicas. Seus textos, além de não justificados, eram escritos com um fonte nada agradável para a leitura. Certamente ele queria causar um efeito com isso, e a mim foi o de que aquele livro não seria comprado.

Notei ainda que o mesmo acontece com livros de turismo, recheados de fotografias gigantescas de paisagens naturais. Ora, as fotografias podem ser enxergadas em tamanho muito menor do que aquele, sem prejuízo de detalhes ou de beleza.

Aquelas pessoas como o Ruy Castro que consideram o livro como a mídia ideal, pois já vem no formato mais adequado para leitura, certamente não pegaram um livro desses para ler – muito menos deitado na cama, com o permanente risco de que despenque sobre a nossa cara.

Para não dizer que meu problema é apenas com livros grandes, digo que sou incomodado também pelos miúdos, aqueles livros “pocket”. Ficam tão mirradinhos na minha estante! E o mais irônico de tudo é que nenhum deles cabe no meu pocket. Eu poderia fazer outro texto apenas sobre o bolso das calças, mas acho que fugiria do tema deste blog.

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